No dia 15/03 eu deixava meu antigo empregador. No dia seguinte iniciei no meu atual trabalho e dois dias depois, 18 de março, São Paulo já entrava em quarentena. Eu, assim como qualquer outro mero mortal, seguia para o tão sacrificante isolamento social e passaria a atuar em regime de homeoffice.
Tendo a oportunidade de trabalhar presencialmente por apenas 2 dias, 16 e 17 de março, ainda deu tempo de conhecer o escritório sede da minha então “nova casa”, dizer olá aos meus novos chefes, conhecer alguns pares e parte da minha equipe.
Depois disso, nunca mais nos cruzamos pessoalmente! Cada um deu andamento aos seus arcos nessa – infeliz – quase história apocalíptica chamada de 2020.
Os dias foram passando. Os primeiros muito mais lentos do que os seguintes, mas passando (graças a Deus)… E sempre regados de medo, receio e angústia, não só na vida pessoal, como em igual escala no âmbito profissional
O trabalhar de casa me assustou! Não porque eu teria que performar longe do escritório. A questão era outra: como administrar a performance de outros?
Embora sendo um “pro-trabalho-remoto”, entrar de cara num projeto novo, complexo e cheio de expectativas, sem estar preparado – assim como o resto do mundo – para o novo cenário e para gerir à distância sem conhecer ninguém, realmente me tirou do eixo.
Verdadeiro caos
Meus sentimentos tornaram-se um caos, uma mistura de coisas e ideias em total desarmonia. Uma confusão, real oficial! Era medo de não dar conta, de não conseguir engajar o time, de não saber lidar com as emoções e relações que estariam fragilizadas pela situação do planeta.
Mas o tempo continuou seguindo e o “anormal” usurpando o espaço do “normal”. Estávamos nos habituando com aquilo que foi imposto de forma abrupta. Eu estava, ao menos.
Algumas coisas mudaram. Eu já conhecia muitos dos processos, já havia conversado com todos do meu time, já tinha feito alguns “colegas de trabalho cibernéticos”. E eu também já não contava mais com apenas 12 pessoas no meu time. Estávamos em 26.
Com o aumento do grupo também veio a experiência, as tentativas e acertos, a formulação de um jeito próprio… forcei mais e aprendido muito. As coisas começaram a fluir melhor.
Passei a me sentir mais confortável em liderar à distância, a construir relações e criar maneiras de conduzir os trabalhos de forma mais leve, respeitando o espaço e o momento estressante que cada um vem vivendo.
E sabe aquele caos? Foi se organizando… Muito porque aceitei que sou um ser humano como qualquer outra pessoa e que se eu falhar, tudo bem, recomeço. Afinal, estamos lidando com o novo! Com coisas e situações que nunca antes tivemos contato.
Ninguém estava ou melhor, ninguém ainda está 100% preparado para lidar com tudo isso. Acertar e errar faz parte!
Tem sido um processo de muito aprendizado
Muito do que eu descobri nesse processo de liderar à distância têm me tornando um profissional melhor. Talvez em outras circunstâncias a minha curva de aprendizagem não teria sido tão acentuada.
O cerne de toda a questão, ao meu ver, é o respeito ao indivíduo que está do outro lado da tela, conhecendo-o ou não pessoalmente. É uma pessoa. Um ser humano igual a você. E como tal, tem seus sentimentos, suas fragilidades e suas convicções.
Saber ajudar o profissional a acessar e controlar cada um desses pontos é um dos papéis mais importantes para quem lidera em um ambiente como o qual estamos inseridos hoje. É preciso saber ouvir, esperar e se colocar no lugar do outro. Hoje mais do que nunca!
As ferramentas tecnológicas que temos à nossa disposição são essenciais nesse processo. Manter contato é crucial. Perguntar. Buscar. Conversar. Estar ao lado, apoiando não só com as atividades técnicas do dia-a-dia, mas naquilo que embora não seja parte do job description está indiretamente relacionado à performance.
É preciso se importar pra que dê certo.
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E você que também tem que liderar equipes remotamente no cenário atual, como foi e como tem sido lidar com isso?
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